O estado grave de Tanaice expõe a falta de sensibilidade do Presidente da República. O processo judicial envolvendo os quatro activistas condenados no ano passado foi engavetado e o recurso ainda não foi decidido.
Para protestar, o activista angolano Tanaice Neutro iniciou uma greve de fome na Comarca de Kakila, sob o lema “Liberdade ou Morte”. A greve começou em 27 de Fevereiro deste ano como forma de protesto contra a lentidão do processo judicial em que está envolvido.
Familiares de Neutro explicam que a greve de fome foi desencadeada pela informação de que o recurso apresentado pelo seu advogado ainda não foi encaminhado para o Tribunal da Segunda Instância para avaliação. Alegam que o processo foi arquivado pela juíza Maria Vangui Pascoal, do tribunal Dona Ana Joaquina, por ordens vindas do palácio Presidencial.
Gilson Moreira da Silva, conhecido como “Tanaice Neutro”, é reconhecido como um dos poucos activistas que criticam o governo de João Lourenço, destacando o que considera má gestão do Executivo apoiado pelo MPLA há quase 50 anos.
Um dos familiares, que preferiu não se identificar, afirmou: “Tanaice Neutro é vítima do regime ditatorial angolano”.
Sua postura crítica em relação ao regime resultou em sua prisão no ano passado. Ele foi condenado, em 12 de outubro de 2022, a uma pena de prisão suspensa de 1 ano e 3 meses por ultrajar o Estado, por supostamente insultar o Presidente da República, segundo o Ministério Público e o juiz.
Foi condenado pela segunda vez, praticamente pelo mesmo crime, juntamente com outros três ativistas: Hermenegildo André “Gildo das Ruas”, Adolfo Campos e Abraão Pensador, condenados em setembro deste ano pelo Tribunal Provincial de Luanda.
