Comando Geral da Polícia Nacional nega ter efetivos em estado de extrema miséria

“Há mais de 30 anos que a Polícia Nacional não deixa de apoiar os seus efectivos”, reage Comando-Geral

Na sequência das denúncias feitas por este portal, sobre as condições degradantes dos efectivos policiais nas Esquadras do país, o Comando Geral da Polícia Nacional (CGPN) reagiu na semana finda, alegando que não correspondem com a verdade às reclamações supostamente dos agentes da corporação.

A directora nacional da Direcção Nacional da Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional de Angola, comissária Engracia Costa, refutou todas as denúncias avançadas recentemente, tendo garantido que “há mais de 30 anos, que a Polícia Nacional não deixa de apoiar os seus efectivos em termos de alimentação”.

Segundo Engracia Costa, nas Esquadras da Polícia Nacional “todos os efectivos escalados para fazer o trabalho de 24h, vulgo piquetes têm direito à alimentação, desde o pequeno almoço, almoço e o jantar”, esclareceu a comissária para quem “isto nunca foi excepção e nunca será”.

“Naturalmente nestas refeições conhecemos quais são os pratos típicos que se usam nas unidades policiais, que têm sido o arroz com o feijão acompanhado de outros condimentos para transformar em feijoada, também temos o funge com feijão, a massa com feijão, o arroz com peixe frito, o frango e que varia em função dos meios que existem para abastecer este efectivo”, explicou.

Em declarações ao portal O Decreto, a directora nacional da Direcção Nacional da Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional de Angola, disse também não ser verdade a compra de passe de identificação no valor de 15 mil kwanzas. “Nunca foram e nunca serão pagos os passes”, afirmou.

Engracia Costa desmentiu igualmente a falta de nova farda, pois para a alta patente da Polícia Nacional, “todos os efectivos do país receberam par de fardas”.

“Vimos uma imagem de um efectivo com a farda toda mal amanhada e antiga. Aquela imagem é antiga feita não sei em que parte do território, mas de garantir que nós recebemos fardas novas e vamos continuar a receber dentro do esforço da chefia da polícia”, revelou.

“Há uma miséria gritante nas Esquadras da Polícia Nacional”, reforçam efectivos

Entretanto, após as denúncias, multiplicaram-se os relatos dos próprios agentes da corporação de situações humilhantes, que diariamente enfrentam nos seus postos de trabalho.

Falando em anonimato, com medo de sofrer represálias, os agentes da Polícia Nacional encorajaram as denúncias avançadas na semana passada por um profissional da comunicação social, afirmando que, a realidade nas unidades policiais deixa muito a desejar.

“Não existe refeições em condições nas esquadras e quando há, é uma miséria tanto mais que, os comandantes não comem da mesma refeição, deixando apenas para os agentes”, revelou uma das nossas fontes que elencou que, no rol de dificuldades, a falta de meio de transporte nas Esquadras da Polícia Nacional, sobretudo em Luanda, onde a criminalidade cresce de forma galopante.

A auferir um salário base em kwanzas de 40 mil, 312.36 cêntimos, os agentes afirmam experimentar um desafio hercúleo na gestão dos seus ordenados, repartindo o salário entre as despesas com alimentação e táxi, devido à falta de viaturas para o transporte do pessoal nas unidades.

“Não existe transporte para os polícias, cada um se vira como pode para chegar ao serviço”, lamentam.

Sabe-se que, em Fevereiro de 2023, por despacho 26/23, o Presidente da República, João Lourenço autorizou a celebração do acordo de financiamento para contratação de uma linha de crédito com o Banco Angolano de Investimentos (BAI), no valor global em kwanzas equivalente em 150 milhões de euros destinados a importação de viaturas, fardas e equipamentos para o Comando-Geral da Polícia Nacional.

No entanto, volvido mais de um ano, continua lastimável a situação dos efectivos da Polícia Nacional (PN) nas Esquadras, conforme denunciado pelo colectivo de agentes que temos vindo a citar.

Segundo as fontes, “não há um plano de distribuição de fardas nas unidades” e desafiam as altas patentes a indicarem, pelo menos, três Esquadras em diferentes províncias com realidade contrária às denúncias feitas.

O Comando-Geral da Polícia Nacional (CGPN) recebeu do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2023, uma dotação de 418, 5 mil milhões de Kwanzas correspondentes a 828,6 milhões de dólares.

Deste valor, 37,8 mil milhões de kz (74,8 milhões USD) foram destinados à rubrica “despesas em bens e serviços”.

A Polícia Nacional Angolana (PNA), que no passado dia 28 de Fevereiro assinalou 48 anos de existência, conta com um número superior a 200 mil efectivos. A meta das autoridades é duplicar o número até 2025.

O Decreto

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