Efectivos do SIC acusados de manter refém quatro membros da mesma família a mando do empresário chinês em Luanda

O Serviço de Investigação Criminal (SIC), em Luanda, está a ser acusado de ter feito refém quatro membros da mesma família a mando do empresário chinês e proprietário do “Shopping Kikolo”, no município do Cazenga.

Trata-se de um ancião de 70 anos e seus três filhos, João Chicola, 28 anos, Ernesto Chicola Júnior, 22 anos e António Chicola, 34 anos, que denunciam ter sido detidos e torturados, por quatro efectivos do SIC-Luanda, pertencentes à Esquadra do Kawelele, sem qualquer culpa formada, com vista a satisfazer os “interesses” do dono do centro comercial “Shopping Kikolo”, no Cazenga.

As detenções e torturas, segundo relatam, aconteceram a 20 de Março deste ano, tendo sido mantidos em cárcere privado e sem terem sido apresentados a um procurador por cerca de dez dias.

Tudo começou quando, várias famílias decidiram negar a proposta do empresário e proprietário do Grupo ‘’Sunrise Investment’’, o chinês Jack Huang, mais conhecido por “Lin”, detentor do centro comercial “Shopping Kikolo’’, localizado no distrito urbano do Kikolo, município do Cazenga, na capital do país, que pretendia pagar um a três milhões de kwanzas, por cada moradia para a expansão das instalações.

Ernesto Chicola, ancião de 70 anos, explica que foi agredido por ter no momento da detenção, acusado os efectivos do SIC de terem sido pagos pelo empresário chinês, que na visão da vítima, procura a todo custo negociar a um preço baixo as suas residências: “eu disse mesmo que te pagaram no chinês, foi assim que eles começaram a me agredir” lamentou.

Um dos filhos do ancião, que também viveu as angústias do cárcere privado, António Chicola, conta que “ao chegar, busquei uma conversa direta com ele para resolver a situação, mas a resposta foi a mesma: a responsabilidade é de vocês. Após isso, sugeri falar com seu superior, mas fui informado de que ele não estava disponível. Ao tentar discutir a situação com ele, sugeri consultar a gerência para decidir”.

Em seguida, continuou António Chicola, “entrei em contacto com o coordenador do bairro para seguir as instruções da DIIP, que inicialmente negaram nos prender porque entendiam que não havia crime cometido por nós. Optei por contactar o coordenador do bairro em vez de ir diretamente à administração. Expliquei a situação e pedi sua intervenção, relatando as preocupações vivenciadas. É importante ressaltar que solicitamos a presença do coordenador em meio aos desafios enfrentados”, disse.

Lamentou o facto de “os homens da administração e o coordenador do bairro, todos esses trabalham, passam o dia no estabelecimento dos chineses, ele não está a defender mais o interesse da população, agora está a depender do interesse dos chineses, por isso é que o nosso bairro está direto que tem que causar a nossa detenção, porque se assim for, se ele trabalhar sempre com a população, não deve haver necessidade de morte, ele vai reclamar”, disse.

Afirmou que por falta de condições financeiras, a família Chicola não abriu qualquer processo contra o empresário chinês.

O Decreto contactou o director-geral do Serviço de Investigação Criminal (SIC), e o porta-voz do SIC-Geral, comissário-chefe, António Paulo Bendje e o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal, Manuel Halaiwa, mas sem qualquer resposta.

Quem também limpou as mãos é a administração municipal do Cazenga. Contactado por este portal, o responsável do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa, esclareceu que “quando eles começaram as negociações não se interessaram em saber que existe uma administração que devia intermediar o assunto”, salientou.

Em reacção, o director de asseguramento do “Shopping Kikolo”, Bráulio Bravo, que minimizou o acto, fez saber que as  supostas sevícias não foram registadas nas suas instalações.

O Decreto

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